domingo, 24 de outubro de 2010

perecimento


foto de Francesca Woodman





















coloquei-me ao tear
coloquei-me a tecer um verso

que servisse de manto
para o corpo contemporâneo
nu e sedento
desprovido de subjetividade
em processo de perene dissolução
carregado de urgências
[as palavras se arranjaram
como assombradas por terríveis espectros]
estanca abruptamente o tear
perdi o fio da meada
perdi o verso
jaz ao relento
sem manto
o corpo nu e sedento
em sua condição:
nula