segunda-feira, 3 de junho de 2013

tampa de panela


(imagem: "BRINCANDO" / Candido Portinare)

moleque pequeno
menino guerreiro
do cavalo de pau
seu fiel alazão
enfrenta em bravura
o temido dragão

moleque levado
não tem estribeiras
fez o capacete
co' a minha chaleira
o escudo e o brasão
co' a tampa do meu caldeirão

Izabel Lisboa

sábado, 1 de junho de 2013

vida ao ponto

fatia o verbo
rasga o tempo e a carne
pica miúdo
os ais entalados
nos porões e esconderijos d'alma
[suspiros não enchem
barriga]
a vida é para ser devorada

Izabel Lisboa

sábado, 25 de maio de 2013

estranho corpo

disforme atolado no barro das origens
torcido e retorcido pelas mãos do acaso
[ou d'um demiurgo mergulhado em gélida e infernal solidão]
cada contorno cada lasca dilacerante ferida
o golpe final/inicial o sopro um sopro
o caos a carne o sangue a dor o medo o suor o inferno...

Izabel Lisboa