eu vi
um cidadão do mundo
falando de solidão
num café em Paris
eu vi
um cidadão do mundo
mendigando no calçadão
roendo um pedaço de pão
eu vi
um cidadão do mundo
reclamando seu quinhão
num programa de calouros da televisão
eu vi
um cidadão do mundo
no boteco tomando cachaça
gastando seu último tostão
eu vi
um cidadão do mundo
corpo e alma em inquietação
sendo apenas mais um na perdida multidão
Izabel Lisboa