quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Para que SERVE a filosofia?

"[...] para o que serve poder perguntar pela utilidade, ou seja, para que serve ir ao cinema? É muito diferente da pergunta: para que serve ir ao banco? Vamos ao banco para pagar uma conta. Se não tivéssemos uma conta para pagar, não iríamos ao banco. Ou seja, vamos porque existe uma utilidade. Agora, não vamos ao cinema por uma utilidade concreta. Vamos porque isso nos dá um sentido, porque nossa vida se torna diferente, porque nos faz perceber coisas distintas. A filosofia é mais próxima do cinema do que do banco. Nós a fazemos não porque tenhamos um produto concreto e satisfeito, e ficamos tranquilos. É ao contrário. Assim, como quando vamos ao cinema, ficamos pensando no filme depois, e isso tem efeitos que não podemos notar tão claramente. O que fazemos em filosofia é a mesma coisa. Às vezes uma pergunta, um questionamento, uma maneira diferente de pensar têm um efeito em nossa vida, têm um sentido para nossa vida que não percebemos imediatamente."

Walter Kohan
http://tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/entrevista.asp?cod_Entrevista=125

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Gattaca - Experiência Genética

Ficha técnica:
Título original: (Gattaca)
Lançamento: 1997 (EUA)
Direção: Andrew Niccol
Atores: Ethan Hawke, Uma Thurman, Jude Law, Gore Vidal.
Duração: 112 min
Gênero: Ficção Científica

O filme Gattaca - Experiência Genética, apresenta uma sociedade futurista onde os seres humanos são gerados geneticamente em laboratório. Aqueles indivíduos que são concebidos de forma biologicamente natural são rotulados de incapazes e discriminados socialmente.
Nesse contexto, marcado por uma cultura excludente, um jovem astronauta é selecionado para uma importante Missão, tripulada, de um ano para Titã, 14ª lua de Saturno. A seleção de Jerome foi virtualmente garantida ao nascer. Através da engenharia genética e da reprodução assistida lhe foi garantido todos os dons exigidos para tal empreendimento: ele é geneticamente superior, portanto apto para tal Missão.
Tudo estaria dentro da ordem vigente se, através de fraude e falsidade ideológica, Vincent Freeman, um incapaz, inválido geneticamente, não burlasse o rígido "controle de qualidade" escondendo sua verdadeira identidade e conquistando um lugar de destaque na corporação: Vincent simplesmente passa-se por Jerome, indivíduo apto geneticamente, mas inválido devido a um acidente que o deixou paraplégico, portanto, inválido fisicamente.
Um misterioso assassinato dará um rumo inusitado à trama.
*** *** ***
Gattaca desencadeia no espectador uma série de reflexões críticas que vão ao encontro de questões e implicações éticas que permeiam as pesquisas e manipulações genética: Até onde pode chegar o homem nessa área do conhecimento científico? Existe limitações para esse tipo de experiência? O que é eticamente adequado e inadequado nessas pesquisas? Essas experiências estão livres de pressupostos eugênicos, ou teriam justamente esses pressupostos implícitos como mola propulsora?
A pesquisa genética avançou a passos largos nas últimas décadas. As notícias que nos chegam através da mídia, ou de revistas e periódicos especializados (da ovelha Dolly ao Projeto Genoma), vêm comprovar esse inquestionável avanço e trazer ao senso comum uma série de dúvidas, inquietações, questionamentos e expectativas.
Grande parte da comunidade científica aplaude cada conquista e cada descoberta feita. As instituições religiosas, juntamente com aqueles indivíduos preocupados com os aspectos éticos e a responsabilidade social, imbuídos de zelo, pedem prudência e bom senso aos pesquisadores, e, sobretudo, respeito à vida e ao ser humano em sua dignidade. A população, de forma geral, diante das "boas novas", quer usufruir dos benefícios quase que miraculosos propagados pelos mais entusiasmados. Enfim, é um caldeirão de sentimentos que entrou em ebulição: dúvidas, euforias, questionamentos, expectativas, medos e esperanças, afinal não dá para ficar impassível diante de tantas promessas: a cura ou erradicação de inúmeras doenças, o prolongamento da vida - que tem como pano de fundo o desejo da imortalidade - enfim, todo esse promissor horizonte que se abre com as descobertas através das pesquisas genéticas mexe com o imaginário e o universo simbólico no qual todos nós seres humano de alguma forma estamos inserido.
Segundo Marcelo A. Costa Lima, professor do Departamento de Genética da UERJ (http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=7272), nas duas últimas décadas, no Brasil, os investimentos financeiros no âmbito das pesquisas genéticas aumentaram significativamente e possibilitaram um acentuado incremento da produção científica nessa área. São muitas as descobertas no campo da genética que podem ser aplicadas em nossas vidas, como por exemplo:
- novos procedimentos técnicos que permitem realizar diagnóstico de doenças;
- produção de embriões em laboratório / reprodução assistida;
- detectar fator de risco - suscetibilidade a algumas doenças, para possível prevenção; etc.
Um marco importantíssimo nesse sentido é o Projeto Genoma, uma iniciativa múltiinstitucional que envolveu vários países e que começou na década de 80; teve como objetivo mapear toda a sequencia do material genético da espécie humana. Tal Projeto atingiu sua finalização, teve seu objetivo alcançado em 2003 e trouxe uma série de informações que possibilitaram inúmeras descobertas.
Apesar da velocidade das descobertas e dos avanços das pesquisas genéticas, tudo ainda é muito recente nessa área da ciência. No entanto, junto com a euforia das novas descobertas multiplicam-se consideravelmente os questionamentos e as expectativas diante desse "algo novo" que mescla paradoxalmente o extraordinário ao assustador.
Para exemplificar esse paradoxo para além da ficção:

Manipulação Genética / Ternura e Fidelidade:

Experiências inéditas, de manipulação genética, muda comportamento de uma espécie
tornando ratos mais fiéis e ternos para com suas fêmeas.
A experiência, apresentada no jornal eletrônico Journal of Neuroscience, (http://www.jneurosci.org/ ): Pesquisadores da Universidade Emory, usaram um vírus para inserir um gene específico na área do cérebro de roedores, responsável por sensações de recompensa e habituação. O que impressiona, e assusta, é que nos seres humanos essa área tem as mesmas funções.
O investigador Larry Young, que participou no estudo, disse que o interesse dos pesquisadores foi descobrir como é que o cérebro estabelece determinadas relações sociais, a partir daí poderiam desvendar por qual motivo, em algumas doenças, as pessoas perdem o interesse pelas outras, como por exemplo no autismo.
Um especialista da Universidade de Bristol, em um depoimento no site da revista Nature, define assim seus sentimentos em relação a essa experiência : "É extraordinário e quase assustador como se pode mudar o comportamento relativo à relação entre seres, mudando um único receptor no cérebro".

Izabel Lisboa




sábado, 17 de setembro de 2011

Digressão de Sísifo

Branquinha, da cor que me deixa camicase, digitando suspiros noctívagos, poetizando o que arde e enfurece. Vermelhinha, desta vez não de timidez, deletando e repostando a lista de ineptos e fracassados que não merecem você. Os cabelos que realçam sua fragilidade concentrados sobre o seio direito, a camisola curta de algodão e alcinhas e mais nada, o queixinho de louça apoiado nos dedos, a alma mergulhada na tela do notebook ouvindo MPB. Do outro lado desse perfume, como um alquimista, tento converter a angústia em coragem...

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http://opensadordaaldeia.blogspot.com/2010/11/sunrise.html


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por: Paulo de Lima Piva




sexta-feira, 2 de setembro de 2011

aqui jaz... e jaz... e jaz...













do céu
ao inferno
foi um pulo...
ininterrupto
o  movimento
ininterrupto
de sepultá-lo... e sepultá-lo... e sepultá-lo...


Izabel Lisboa