[se
falassem]
do que falariam as borboletas
do que falariam as borboletas
de
uma fome que não se mata
de uma sede que não se aplaca
de uma dor que não se estanca
de uma sede que não se aplaca
de uma dor que não se estanca
por
isso voam as borboletas
em ziguezague em vai e vem
desordenadamente
desobrigadamente
esfomeadamente
sem metas e sem retas
em ziguezague em vai e vem
desordenadamente
desobrigadamente
esfomeadamente
sem metas e sem retas
*deparou-se
um dia a borboleta
com um comedor de palavras
- sacio minha fome comendo
palavras
[disse ele]
- a fome que tenho não se acaba
a sede que sinto não se aplaca
minha dor não se estanca
[disse ela]
com um comedor de palavras
- sacio minha fome comendo
palavras
[disse ele]
- a fome que tenho não se acaba
a sede que sinto não se aplaca
minha dor não se estanca
[disse ela]
e
era um mar tão vasto entre eles...
[um mar de palavras]
[um mar de palavras]
Izabel
Lisboa