quinta-feira, 4 de agosto de 2011

fiat lux

derrama-se a lua
sobre a rua nua
tênue véu da noite
entrecortado tão somente
pelo frêmito das asas
da mariposa excitada
em seu voo trêmulo
em torno às indiferentes incandescentes
no mais
a rua está muda e imóvel
a madrugada arrasta-se pesadamente
e pacientemente aguarda
até que o tempo
ditador implacável
artífice derradeiro
decida-se emoldurar em tons vibrantes
a ensolarada paisagem matinal...
entrarão em cena novos atores:
madames e totós/babás e bebês/
padeiros e pães /carteiros e cartas/
pedreiros e pedras/jardineiros e jardins/
porteiros e portas/jornaleiros e jornais
- burburinhos matinais...

Izabel Lisboa

3 comentários:

Miller A. Matine disse...

Obrigadao Iza. Adorei seu comentario. Eu tambem me espantei com a forma de como voce colocou a ideia de Socrates no seu artigo "Socrates era sabidinho". Amei o seu estilo. Voce escreve de um jeito que o leitor nao faz outra coisa senao rir consigo mesmo. Estamos de parabens. Beijo grande.

PS.: Desapareci por um tempo porque em Mocambique eu dava aulas em um Distrito que carecia de Internet. Agora estarei sempre aqui, pois, eu e a Kim mudamos de residencia (estamos em Chicago) e um dia desses, quem sabe, podemos vir ate o Brasil visitar voce e Glauber Ataide (autor de Perfeicao).

FAMARTAN disse...

O tempo... sempre ele!
Obrigado pela visita. Parabéns pelo seu blog.
Estamos aí.
um adendo ao seu comentário: (e nem rei é mais!)

bjs!

Anônimo disse...

...e amanhece
é bom acordar com o teu sorriso
teu poema dialético
cotidiano
insano
cheio de lirismos
e um realismo...
vou acender meu gitane
tomar meu café amargo
mais um trago
e cair na ocidentalidade
com meu fusca
e nos engarrafamentos
de peter best
ler teu poema
meio heraclito
meio zenão de eleía
e desenhar teu sorriso
no meu retrovisor
para não me angustiar
ligar o gravador
e superar a dor
nesta aurora yang
neste mundo do capital
cheio de grilos
e percevejos
que atormentam meu ser
mas o teu poema
amola a foice vermelha
que ficou cega
pelo totalitarismo
e faz o sol brilhar de esperança.

Luiz Alfredo - poeta