Acredito que um olhar filosófico sobre qualquer fenômeno – especialmente político – deveria conter um diferencial, ir um pouco além de arroubos carregados apenas de paixão e hormônio. Em relação as atuais campanhas eleitorais dos candidatos à Presidência da República temos visto uma histeria coletiva desproporcional, já que ambos os candidatos – e seus respectivos ALIADOS – deixam muito a desejar nos quesitos integridade ética e honestidade.
Claro que entre o projeto neo-liberal do Serra/FHC o continuismo de Lula através de Dilma é uma opção menos pior, mas daí à quase idolatria nas manifestações de eleitores de ambos os lados?! Transformou-se o processo eleitoral num Fla X Flu, ou num caso similar aos casos Nardoni, Bruno, Mercia e tantos outros, onde, a cada momento são lançadas manchetes bombasticas na mídia pela conquista da AUDIÊNCIA!!!
Na internet, a esse respeito, se vê de tudo, desde deboche (não ironia, mas deboche!) palavriados chulos e carregados de palavrões até clamores exaltados pela tão almejada DEMOCRACIA. Finalisa-se as argumentações com um taxativo BASTA, não concedendo voz e nem tendo a mínima consideração por aquele que pensa diferente. Que Democracia é essa que almejamos?!
No primeiro turno votei na Marina. Sabia da quase impossibilidade de sua eleição, mas creio que Marina é uma ótima terceira via, menos contaminada e envenenada pelos arranjos que no momento dispõem as peças no tabuleiro do poder político no Brasil. Acredito que o não apoio de Marina no 2º turno a nenhum dos dois candidatos que agora disputam a eleição é uma questão de coerência (no sentido ético) com seu discurso e convicções, ademais é uma ótima e clara estratégia (no sentido ético também) para lançar sua candidatura daqui a quatro anos. Seguindo a coerência do discurso da candidata, que foi minha opção no 1º turno, eu votarei em branco no segundo turno. E não vejo minha postura como acrítica, pois, cheguei a ela através d uma avaliação crítica.
Fiquei decepcionada com a manifestação dos politizados ARTISTAS que declararam efusivamente seu voto a Dilma no 2º turno. O peso que eles têm politicamente é grande, pois são fortes formadores de opinião. Questiono porque não fizeram no 1º turno essa adesão à Dilma!!! Ou, pelo menos, que declarassem seu voto com menos entusiasmo, já que o governo Lula, apesar de todas as suas significativas conquistas deixou muito a desejar em ética e honestidade. Talvez os CAFÉs DE PARIS tenham deixado o Chico efusivo demais!!! rs
Não comungo da opção de votar no candidato Serra no 2º turno feita por alguns que assinaram o Manifesto em defesa da Democracia (que transcrevo abaixo), como Hélio Bicudo. Discordo dessa opção mais pelo fato de ser profundamente contraditório um dos fundadores do PT fazer uma opção dessas do que pelo argumento (que tem sido muito utilizado pelos adversários do PSDB) de que acontecerão mais privatizações se Serra vencer as eleições. Creio que o cenário político no Congresso é que irá decidir essas questões. É lá que a luta tem que ser travada. E no Congresso o peso do PT e seus aliados, como o PMDB de Sarnei, está estratégicamente bem “arranjado” após as eleições do 1º turno. A questão que fica e preocupa é quais serão os NOVOS arranjos que serão engendrados após o pleito?! Se antes das eleições já assistimos as alianças mais estapafurdias, como estre PT e PMDB, após as eleições tudo pode acontecer!!!
Transcrevo abaixo o Manifesto em defesa da Democracia e alguns links de vídeos do Youtub com os argumentos e ponderações de Hélio Bicudo. Transcrevo também dois textos de Xiko Acis, pois achei interessante suas argumentações.
Izabel Lisboa
________________________________
MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há ''depois do expediente'' para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no ''outro'' um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos."
Assinam: o jurista Hélio Bicudo, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur Gianotti, José Álvaro Moisés e Lourdes Sola,o poeta Ferreira Gullar, d. Paulo Evaristo Arns, os historiadores Marco Antonio Villa e Bóris Fausto, o embaixador Celso Lafer, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça e a atriz Rosamaria Murtinho.
http://www.youtube.com/watch?v=6D6Ocm9xbgo
http://www.youtube.com/watch?v=hJyFh1MFOno&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=PfWnR2e9SFg&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=FIFEsF57b2w&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=WglBw-sZm60&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=sa3-1O1zERE&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=WoaUYi4Rf6E&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=mvLh941aHMk&feature=related
_______________________________
Lula e Dilma: Aéticos ou Antiéticos?
É imperativo que tenhamos uma reforma política, “como nunca na história deste país” houve. Eu não votei no Lula, mas ele é meu Presidente. Aliás, ele é Presidente de todos os brasileiros de todos os partidos. O PT serviu apenas para que ele fosse eleito. Após sua eleição, o Presidente deve se tornar apartidário para governar para todos. Isso é ético, democrático e de responsabilidade política.
Quando o Presidente Lula faz propaganda política para tentar eleger sua sucessora Dilma, ele passa a misturar a Presidência da República com militância do partido. Em tese, ele é meu funcionário. Na minha empresa, eu não permitiria que um funcionário meu fizesse outra atividade, seja ela qual for, diferente daquela que ele foi contratado a desempenhar. Se em qualquer empresa isso é verdadeiro, por que no governo seria diferente?
Como Presidente da República, o Lula deveria fazer propaganda para todos os partidos políticos. Como militante do PT não. Se o Lula quer fazer propaganda política para a Dilma, ele que saia da Presidência da República e vá atuar apenas como militante do partido.
Quando falamos que uma ação ou atitude é aética, significa que não existe uma ética a ser respeitada. A letra “a” na frente de ética significa ausência. Quando falamos que uma ação ou atitude é antiética estamos falando que é contrária a uma ética existente.
Como Presidente da República, o Lula está sendo aético, ou seja, não existe na cabeça dele uma ética a ser respeitada. Para ele o papel de Presidente está acima dessa besteira chamada “ética”. Pudemos perceber isso quando ele soltou a seguinte frase: “Ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que eu...”. Esse é o tipo de raciocínio que é feito por quem se apaixonou pelo poder e acaba entendendo sua posição como definitiva e soberana.
Ele está sendo antiético também quando, sabendo que eu e todos os brasileiros de todos os partidos pagamos o seu salário, ele, sem autorização de todos, sai fazendo propaganda para Dilma desrespeitando o meu dinheiro e dos demais brasileiros que não vão votar na Dilma. A ética pública está sendo contrariada de forma arbitrária e irresponsável.
Se ele estivesse trabalhando na iniciativa privada, teria sido demitido por justa causa, pois as leis trabalhistas não permitem que funcionários façam outras atividades diferentes das permitidas pela empresa.
A Dilma também está sendo aética e antiética por permitir e participar de todo essa usurpação da máquina pública. Não sou eleitor de Serra. Votei na Marina Silva no primeiro turno e vou votar branco/nulo agora. Somente uma reforma política é que pode acabar com atitudes: aéticas, antiéticas, amorais e imorais.
Xiko Acis
Filósofo & Consultor
Primavera/2010.
http://www.xikoacis.com.br/texto030.html
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Marina: Voto Branco
Sou um dos 19.636.359 de eleitores que votaram na Marina Silva (PV) para Presidente. Esse volume de votos contrariou a maioria das pesquisas dos institutos. Não é a primeira vez que eles erram e não será a última. Agora vamos para o segundo turno das eleições presidenciais de 2010. Os dois candidatos: Serra (PSDB) e Dilma (PT) precisam dos votos dos eleitores da Marina para ganharem as eleições. A grande pergunta que fica é: Quem a Marina vai apoiar neste segundo turno? Sabemos que essa é uma definição que envolve tudo o que há de pior na política brasileira: partidos, alianças, cargos, negociações, favores etc.
Eu já tenho minha posição. Eu votei verde no primeiro turno. Votei pela sustentabilidade do planeta. Agora eu vou votar branco. Vou votar pela paz (de espírito). Vou votar pela coerência e consistência que tive no primeiro turno. No meu entender a Marina não deveria apoiar ninguém e pedir para seus eleitores votarem branco.
As propostas são diferentes e não tem como juntá-las. Não combinam na sua essência. Não combinavam antes das eleições do primeiro turno, por que vão combinar agora? Se a Marina apoiar algum dos candidatos, me sentirei traído. Sei que essa decisão não depende somente dela, porém sempre será uma escolha pessoal também. Ninguém nesse mundo é obrigado a nada. Ela pode romper com o partido e manter sua escolha, ou ela pode definir seu apoio e justificar (para sempre) que foi uma decisão do partido. Lembrando que cada escolha, uma renúncia.
Em todos os debates transmitidos pela TV ou pela internet, Marina sempre teve uma postura digna. Sempre colocou que suas propostas diferiam das de Dilma e de Serra. Sempre procurou mostrar que seu projeto contempla o desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente. Sempre levantou a bandeira da sustentabilidade que muitas pessoas, eleitores, acataram e seguiram. Se tudo o que foi dito foi sincero, por que apoiar alguém no segundo turno? Qualquer que seja o tipo de apoio que a Marina ou o Partido Verde der, fará com que suas propostas se esvaziem, o partido se esvazie e a própria Marina caia na vala do político comum. Aquela mesma vala que abriga os Tiriricas da vida.
Os políticos devem aprender que a ética está acima de todas as instituições e pessoas. Ou se é ético ou não. Não existem pessoas e instituições 99,9% éticas, da mesma forma que não existem políticos 99,9% honestos. Essa definição deve sair logo, pois já foi articulada antes mesmo do primeiro turno. Eu manterei meu voto em branco seja qual for a decisão. É minha forma de demonstrar que as propostas apresentadas pelos candidatos não me interessa.
Xiko Acis
Filósofo & Consultor
Primavera/2010.
http://www.xikoacis.com.br/texto029.html
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
poesia visceral
minha poesia
vem das entranhas
nela me refaço
dela faço das tripas coração
quando nasce
vem dilacerando
quebrando ossos
rompendo a carne
faz estremecer
de tanto prazer
que dói
que mói e remói meu ser
sem pudor
com ardor
invade e provoca
me incendeia e me desloca
ser diferente
não poderia
tenho um bem querer
uma fonte de inspiração e alegria
meu manancial
paixão torrencial
explosão descomunal
que flui em mim poesia visceral
vem das entranhas
nela me refaço
dela faço das tripas coração
quando nasce
vem dilacerando
quebrando ossos
rompendo a carne
faz estremecer
de tanto prazer
que dói
que mói e remói meu ser
sem pudor
com ardor
invade e provoca
me incendeia e me desloca
ser diferente
não poderia
tenho um bem querer
uma fonte de inspiração e alegria
meu manancial
paixão torrencial
explosão descomunal
que flui em mim poesia visceral
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
ir morrendo
fincar raízes em uma terra estranha
carregando força e coragem nas entranhas
caminhando sem vínculos como os malabaristas
ainda assim
não pertencendo ao bando dos pessimistas
vivendo a dor sem cansaço
encarando de frente os embaraços
enfrentando de sol a sol terríveis impasses
rejeitando com firmeza os remédios fáceis
noite escura
medo frio solidão
estranha combinação
caminhos para trilhar sozinha
caminhos cercados de abismos
lama pedras e espinhos
sem escolhas ter sempre que ir
ir morrendo
sangrando
doendo
aprendendo
o gozo e a dor de existir
carregando força e coragem nas entranhas
caminhando sem vínculos como os malabaristas
ainda assim
não pertencendo ao bando dos pessimistas
vivendo a dor sem cansaço
encarando de frente os embaraços
enfrentando de sol a sol terríveis impasses
rejeitando com firmeza os remédios fáceis
noite escura
medo frio solidão
estranha combinação
caminhos para trilhar sozinha
caminhos cercados de abismos
lama pedras e espinhos
sem escolhas ter sempre que ir
ir morrendo
sangrando
doendo
aprendendo
o gozo e a dor de existir
domingo, 17 de outubro de 2010
a musa e o poeta
pergunto-me
serei eu aquela que o poeta retrata
serei sua bela da tarde
sua preciosa pedra de jade
serei eu a amada de meu amado
quisera ser...
meu coração salta no peito
em cada verso por ele traçado
se guardava um coração adormecido
com a força de seus poemas
renasce a vida em recantos de mim
recantos que sucumbiram por desencantos
e como o desabrochar de flores
em uma roseira que não mais floria
assim renasço nele e para ele
percorrendo as trilhas que seus versos deixaram
reconheço-me neles
sim
sou eu sua bela da tarde
sua pedra de jade
sua amada e musa
sim sou eu...
serei eu aquela que o poeta retrata
serei sua bela da tarde
sua preciosa pedra de jade
serei eu a amada de meu amado
quisera ser...
meu coração salta no peito
em cada verso por ele traçado
se guardava um coração adormecido
com a força de seus poemas
renasce a vida em recantos de mim
recantos que sucumbiram por desencantos
e como o desabrochar de flores
em uma roseira que não mais floria
assim renasço nele e para ele
percorrendo as trilhas que seus versos deixaram
reconheço-me neles
sim
sou eu sua bela da tarde
sua pedra de jade
sua amada e musa
sim sou eu...
sábado, 16 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Pro Dia das Crianças nascer Feliz
ignorar relógios
tomar banho de chuva
andar descalço na terra
desenhar florinhas miúdas
[no canto das páginas]
aguar canteiros
observar formigas
e joaninhas pequenininhas
ouvir bem-te-vi
empinar pipa
chamar o vento num assovio
dormir na rede
ou na esteira
contemplar roseiras
ler Cora Coralina
[imaginando a doçura de suas compotas...]
***
...hoje
por exemplo
só lembrei de ser feliz...
só lembrei de ser criança...
***
Um Feliz Dia para todas as Crianças... Para todas que tem saúde, moradia, lazer, alimentação, educação escolar, infância, cidadania... E para as que não tem...
[a desigualdade social é cruel!]
Para as que não tem dedico um verso/grito, um verso/reverso:
***
Perdemos
na dança das cadeiras
Só não perdemos o jeito
de virar a mesa...
***
...que seja assim, para um dia o Dia das Crianças nascer Feliz... Para todas!
tomar banho de chuva
andar descalço na terra
desenhar florinhas miúdas
[no canto das páginas]
aguar canteiros
observar formigas
e joaninhas pequenininhas
ouvir bem-te-vi
empinar pipa
chamar o vento num assovio
dormir na rede
ou na esteira
contemplar roseiras
ler Cora Coralina
[imaginando a doçura de suas compotas...]
***
...hoje
por exemplo
só lembrei de ser feliz...
só lembrei de ser criança...
***
Um Feliz Dia para todas as Crianças... Para todas que tem saúde, moradia, lazer, alimentação, educação escolar, infância, cidadania... E para as que não tem...
[a desigualdade social é cruel!]
Para as que não tem dedico um verso/grito, um verso/reverso:
***
Perdemos
na dança das cadeiras
Só não perdemos o jeito
de virar a mesa...
***
...que seja assim, para um dia o Dia das Crianças nascer Feliz... Para todas!
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
sábado, 9 de outubro de 2010
"Conta-te a ti mesmo a tua própria história. E queima-a logo que a tenhas escrito. Não sejas nunca de tal forma que não possas ser também de outra maneira. Recorda-te de teu futuro e caminha até tua infância. E não perguntes quem és àquele que sabe a resposta, nem mesmo a essa parte de ti mesmo que sabe a resposta, porque a resposta poderia matar a intensidade da pergunta e o que se agita nessa intensidade. Sê tu mesmo a pergunta".
Jorge Larrosa, Pedagogia Profana
(professor da Universidade de Barcelona e doutor em Filosofia da Educação)
http://www.ufmg.br/boletim/bol1506/quinta.shtml
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
como?!
homens tolos
matam crianças
as interiores... depois as outras...
pensem...
pensem nas crianças
de Auschwitz
de Hiroshima
da Palestina
nas das esquinas
do mundo inteiro
pensem...
como criança
pensem...
homens tolos
matam crianças
as interiores... depois as outras...
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Primeira pedra
A questão não é matar ou não matar Sakineh, a questão é "como matar" Sakineh!!!
Primeira pedra
________________ Verso pra Sakineh
Nem mesmo a indefinida tese
De morrer pelo orgasmo
Convence-me a atirar
Enfim a pedra
Sequer a consciência
De saber que do meu lado ocidental se mata
Lindamente limpo e sem alarde
Então olho pra você na tela
Olho o que sobrou
Encafifado com suas leis
Que cê nem fez
Na palidez do seu olhar agora
Apagado olhar abandonado
Martírio igual ao seu aqui não vi
Matam com o olhar até
Mas vi aqui
Mulheres malamadas
Não amadas
Subamadas
Desalmadas sem amar
Sem nunca saber o que dizer após o coito
Vou guardar a sua cara
Pra lembrar docê depois das pedras
Se daí se mata por amar
Pois quem aí trairia sem amor?
Daqui se mata pelo tédio
E por falar em tédio
Logo, logo cedo ainda
Antecipam sua sina
Matar de você o que ficou
Depois disso levam seus restos por aí
Rua das bem-nascidas
Se por amar tem que morrer
Que de exemplo sirva
Aí amar quase nem sempre é bom
Por fim
Igual aqui
Aqui amar nunca é sinal de florescer
Então, viver aqui é quase tão igual amar aí
Morre-se vil
Dom Quixote
http://versoeprosa.ning.com/profiles/blogs/primeira-pedra#comments
Primeira pedra
________________ Verso pra Sakineh
Nem mesmo a indefinida tese
De morrer pelo orgasmo
Convence-me a atirar
Enfim a pedra
Sequer a consciência
De saber que do meu lado ocidental se mata
Lindamente limpo e sem alarde
Então olho pra você na tela
Olho o que sobrou
Encafifado com suas leis
Que cê nem fez
Na palidez do seu olhar agora
Apagado olhar abandonado
Martírio igual ao seu aqui não vi
Matam com o olhar até
Mas vi aqui
Mulheres malamadas
Não amadas
Subamadas
Desalmadas sem amar
Sem nunca saber o que dizer após o coito
Vou guardar a sua cara
Pra lembrar docê depois das pedras
Se daí se mata por amar
Pois quem aí trairia sem amor?
Daqui se mata pelo tédio
E por falar em tédio
Logo, logo cedo ainda
Antecipam sua sina
Matar de você o que ficou
Depois disso levam seus restos por aí
Rua das bem-nascidas
Se por amar tem que morrer
Que de exemplo sirva
Aí amar quase nem sempre é bom
Por fim
Igual aqui
Aqui amar nunca é sinal de florescer
Então, viver aqui é quase tão igual amar aí
Morre-se vil
Dom Quixote
http://versoeprosa.ning.com/profiles/blogs/primeira-pedra#comments
domingo, 26 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
É possível filosofar engessado por uma disciplina dentro da "grade" curricular do ensino médio?!
São tantos papéis, né não?! Os radicais radicalizam os ponderados ponderam, os contentes se contentam, os descontentes se descontentam, os equivocados se equivocam, os panfletários panfletam, os verborrágicos verborragizam, os filósofos... Aaaaah, os filósofos!!! Os filósofos fazem algo de especial: filosofam e, claro,
espontaneamente e heroicamente tomam cicuta!!! HuHu!!!
Se é possível filosofar engessado por uma disciplina dentro da "grade" curricular do ensino médio?!
Qual seria o sagrado "lugar" próprio, ou propício, para filosofar? A Ágora? O Jardim de Epicuro? A escola nos tempos da ditadura? A escola contemporânea? A Europa colonialista? Onde se encontra o tal paraíso
perdido???
Mas, será que Sofia se deixa aprisionar ou engessar?! E por outro lado, não seria justamente nas prisões e engessamentos que nasce o ato do filosofar? O que está nas grades curriculares seria A Filosofia "pura e cristalina" (concordo: é impossível), ou apenas um VÁLIDO pretexto para a abertura da possibilidade (ou não) de Sofia se personificar e se fazer amar?!
Não é na condição de encarcerado, preso aos grilhões no fundo da caverna, que ocorre o despertar para outras possibilidades, para o próprio ato do filosofar? Que seja como queria Platão, um libertar-se para a Luz que tudo ilumina, ou, que seja um infindável sair e entrar em cavernas, é na condição de prisioneiro que o raio do ato filosófico acontece, seja na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê!!!
espontaneamente e heroicamente tomam cicuta!!! HuHu!!!
Se é possível filosofar engessado por uma disciplina dentro da "grade" curricular do ensino médio?!
Qual seria o sagrado "lugar" próprio, ou propício, para filosofar? A Ágora? O Jardim de Epicuro? A escola nos tempos da ditadura? A escola contemporânea? A Europa colonialista? Onde se encontra o tal paraíso
perdido???
Mas, será que Sofia se deixa aprisionar ou engessar?! E por outro lado, não seria justamente nas prisões e engessamentos que nasce o ato do filosofar? O que está nas grades curriculares seria A Filosofia "pura e cristalina" (concordo: é impossível), ou apenas um VÁLIDO pretexto para a abertura da possibilidade (ou não) de Sofia se personificar e se fazer amar?!
Não é na condição de encarcerado, preso aos grilhões no fundo da caverna, que ocorre o despertar para outras possibilidades, para o próprio ato do filosofar? Que seja como queria Platão, um libertar-se para a Luz que tudo ilumina, ou, que seja um infindável sair e entrar em cavernas, é na condição de prisioneiro que o raio do ato filosófico acontece, seja na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê!!!
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
vou-me embora também...
Pasárgada é logo ali... ou pode ser bem aqui
depende da fome ou da hecatombe
trata-se de um lugar imperfeito
a três léguas pra lá do fim do mundo
onde o diabo perdeu as botas
Manoel fincou Bandeira e
Drummond conheceu Raimundo
não é terra prometida
soube que é terra de ninguém
seu rei tem amor pela vida e
trata os amigos como ninguém...
depende da fome ou da hecatombe
trata-se de um lugar imperfeito
a três léguas pra lá do fim do mundo
onde o diabo perdeu as botas
Manoel fincou Bandeira e
Drummond conheceu Raimundo
não é terra prometida
soube que é terra de ninguém
seu rei tem amor pela vida e
trata os amigos como ninguém...
As delícias do Jardim de Epicuro
http://www.megavideo.com/?d=N99Q9K34
percepções:
A Felicidade é uma conquista!
O sofrimento é uma contingência, e o homem consegue vencê-lo pela postura interior que se desviará da fatalidade pela boa administração interior.
Atomismo: os átomos são partículas invisíveis que caem no vazio. Nessa queda há a possibilidade do "clinâmen", do desvio. Nesse sentido não há uma fatalidade universal como também não há uma passividade do homem diante das divergências; a possibilidade do desvio é a via da liberdade humana em administrar seu próprio destino e alcançar a felicidade almejada (ou possível).
O homem pode e deve administrar seus desejos, já que existem desejos naturais e necessários, mas, também, existem desejos que não são naturais e nem necessários.
Assim, é preciso que exista autenticidade na busca da realização dos desejos naturais e necessários.
O Jardim de Epicuro equipara-se mais a um oásis em meio ao deserto - para reabastecimento das forças no decorrer da "travessia" - do que a um estado de nirvana.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
Santa Casa de Misericórdia [uma da madrugada...]
é um pingo
um pingo de gente
sim, é de gente
mas, parece um bichinho!
bicho não catalogado, isso sim!
magrinho e esmilinguido assim?!
será que vinga?
sei não...
cabe na palma da mão!
e o pai?
a mãe não sabe quem!
miséria pouca é bobagem, em?
ela tem mais sete muleque
e pra dá de cume como será?
ela esmola
e bota eles pra esmolar também
eita mundo cão...
olha, parou de respirá...
nem teve tempo de na vida se agarrá
louvado seja Deus, menos um pra definhá...
Izabel Lisboa
é um pingo
um pingo de gente
sim, é de gente
mas, parece um bichinho!
bicho não catalogado, isso sim!
magrinho e esmilinguido assim?!
será que vinga?
sei não...
cabe na palma da mão!
e o pai?
a mãe não sabe quem!
miséria pouca é bobagem, em?
ela tem mais sete muleque
e pra dá de cume como será?
ela esmola
e bota eles pra esmolar também
eita mundo cão...
olha, parou de respirá...
nem teve tempo de na vida se agarrá
louvado seja Deus, menos um pra definhá...
Izabel Lisboa
sábado, 18 de setembro de 2010
PÓS-MODERNISMO
In: http://historiadepernambuco.blogspot.com/2010/08/pos-modernismo.html
Pedro Paulo A. Funari & Glaydson José da Silva. Teoria da História. São Paulo, Brasiliense, 2008
_Muito se tem escrito nas últimas décadas sobre o pós-modernismo. Mesmo conceitualmente, tanto os termos "moderno" e "pós-moderno", e seus desdobramentos, assim como as implicações de seus usos foram objetos das mais diversas análises (Anderson, 1999; Harvey, 1992; Jameson, 1997), não conduzindo essas ao estabelecimen¬to de formulações definitivas a respeito do que venham a ser. David Harley observa que quanto ao sentido do termo, talvez só haja concordância em afirmar que o "pós-modernismo" representa alguma espécie de reação ao "modernismo" ou de afastamento dele. A imensa gama de definições e interpretações a esse respeito leva-nos a tratar do tema aqui de maneira breve e introdutória - pelo que nossa proposição orbita somente algumas reflexões em torno do surgimento de uma dada "condição pós-moderna" em meio ao am¬biente historiográfico.
Para Perry Anderson (1999), a idéia de "pós-modernismo" surge pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes do seu aparecimento na Inglaterra ou nos Estados Unidos (...), com a pretensão de descrever um refluxo conservador dentro do próprio modernismo, tendo co¬nhecido diferentes conotações nas décadas consecutivas no campo da literatura, das artes e das ciências (vide autores anteriormente citados). É a partir da Filosofia, com a pu¬blicação do livro A condição pós-moderna, de Jean-François Lyotard (1924-1998), em Paris em 1979, que a expressão "pós-moderno" ganha força no âmbito das Ciências Hu¬manas. Para Lyotard (1989) "pós-moderna" é a condição do saber nas sociedades mais desenvolvidas, designando a expressão o estado da cultura após as transformações que afetaram as regras dos jogos da ciência, da literatura e das artes a partir do fim do século XIX. Baseado em A. Touraine defende a hipótese de que o saber muda de estatuto ao mesmo tempo em que as sociedades entram na era dita pós-industrial e as culturas na era dita pós-moderna. Essas mudanças trazem em seu bojo novos paradigmas de compreensão dos homens, das culturas e do mundo, e se configuram de maneira similar nos diversos espaços do conhecimento. A natureza do saber não sai intacta nessa transformação geral. Nessa lógica, dois aspectos podem ser entendidos como definidores da chamada "condição pós-moderna" (ambos críticos da racionalidade iluminista):
1) A "incredulidade em relação às metanarrativas".
2) A "morte dos centros".
Ao primeiro aspecto se liga o descrédito dos grandes discursos e metanarrativas explicadores das experiências humanas e do mundo; ao segundo, a desconfiança em face de todos essencialismos definidores e dos sujeitos universais que os acompanham.
A compreensão desses dois pressupostos, comumente postulados pelas várias vertentes pós-modernas, liga-se ao estabelecimento de alguns preceitos entendidos como "modernos", cuja crise é percebida, epistemologicamente, a partir do fracasso de um dito projeto social iluminista. Caracterizado pela crença no racionalismo e otimismo em relação à ciência e à técnica, advinda do Renascimento do XVI e do Racionalismo do XVII, o ideário iluminista fundará a base das diferentes ciências nos séculos seguintes. Em meio a processos de secularização de algumas sociedades européias, em especial a francesa, a razão iluminista irá eleger como alvos de uma crítica contundente o Estado Absolutista e o Cristianismo. Da religião à razão, da transcendência à imanência, essa passagem é associada às idéias de civilização e progresso, que instaurarão binômios como natural e não natural, ciência e espírito, conteúdo e forma, normal e patológico que se cristalizarão nas sociedades ocidentais e embasarão o solo epistemológico das mais diversas disciplinas. A concepção desenvolvimentista e evolucionista forjada em meio a esse ideário irá nortear as nascentes filosofias da história do século XVII, concebidas a partir de idéias que preconizavam o devir da matéria, a evolução das espécies e o progresso incessante dos seres humanos.
Imbuídas de um marcado pensamento teleológico, essas filosofias irão apregoar a orientação da evolução humana para um fim, com vistas para o desenvolvimento de estados sucessórios e ascendentes e a concretização de etapas definitivas e apoteóticas ao findar desse mesmo desenvolvimento. Preocupados em demonstrar a evolução da humanidade por meio de grandes metanarrativas explicadoras das experiências humanas, pensadores como Comte e Marx irão teorizar, em uma perspectiva crivada pela linearidade, etapas sociais do desenvolvimento humano - seja pelos estados teóricos e a física social de um ou pelos modos de produção do outro. Esses grandes modelos explicativos, ao lado de muitas outras interpretações de fundo holístico da sociedade, passam a ser vistos com suspeição no âmbito das teorias sociais; essa desconfiança fundamenta o que se designou de crise dos paradigmas modernos.
O século XX, com todos os seus avanços científicos, explicitará o fracasso do "ideário iluminista", mostrando a utilização nefasta da ciência que, a título de salvamento da humanidade, muitas vezes pôs e ainda põe em risco essa mesma humanidade. O ideal salvador trouxe, em seu rastro, as grandes guerras mundiais, a ameaça atômica, as autocracias, os colonialismos, os imperialismos, os conflitos étnicos, religiosos, econômicos e sexuais das sociedades não resolvidos, problemas ecológicos potencializados, desemprego, violência, acirramento de desigualdades, miséria, entre outros. As benesses do progresso, quando democratizadas, salvaram a muitos, quando não, o que comumente aconteceu, à eleitos, consolidando uma crudelíssima política elitista, excludente, reforçadora dos cortes sociais. Representando a não concretização de um projeto moderno, iluminista, que retiraria a humanidade da barbárie e a inseriria em sociedades civis perfeitas, completas, o mundo contemporâneo é o loeus das incertezas e indefinições, reflexo da não linearidade anteriormente prevista e da pressão cumulativa de eventos históricos.
Ao lado dessa descrença nos grandes discursos que fundamentaram e legitimaram uma "história universal" figura a falência de categorias ligadas a modelos modernos de sociedade, calcados em acepções essenciais ontológicas como família, homem, mulher, classe, entre outros. Modelos oriundos das necessidades de classificação e naturalização que marcaram as bases do conhecimento científico do século XIX europeu.
Corroendo as bases em que se configurou a modernidade, as ciências, hoje, põem em questão o estatu¬to de verdade da epistemologia iluminista, assim como, também, seus modelos racionalizadores. As vertentes pós-modernas são, em grande medida, responsáveis pela irrupção das desessencializações no cenário científico atual, com um interesse manifesto no caráter de pluralidade dos modos de pensar e agir no mundo, das formas de pensamento e de vida, o que marca um rompimento com o tradicional saber positivo. Na esteira de filósofos como Friedrich Nietzsche (1844-1900), Michel Foucault (1926-1984), Jacques Derrida (1930-2004), principal¬mente, o império da subjetividade assume lugares cada vez mais consolidados em meio às novas epistemologias. Num ambiente intelectual de crise e agonia de modelos empiristas e positivistas, vivencia-se uma crítica contundente à busca pelas origens, ao desejo de verdade histórica e todos essencialismos.
A concepção de verdade iluminista, como algo existente e por ser apreendido, e seus corolários, perde espaço para epistemologias menos pretensiosas que, de uma perspectiva sociocultural, percebe indivíduos e práticas como construções discursivas, conferindo à linguagem e seus meandros importante papel na elaboração dos "fatos" - tanto na esfera da "produção" (de um texto, por exemplo) quanto na da recepção/interpretação. Questões relevantes colocadas pela sociolingüística e pelas diferentes tendências da analítica do discurso (como quem fala? De onde fala? Para quem fala? E como é recebida essa fala etc.) têm auxiliado numa problematizarão maior da idéia de "verdade". Essa concepção discursiva do conhecimento (aqui exemplificada pela tradição textual, mas aplicável aos diferentes suportes documentais para além do texto) é substanciada pela compreensão de uma relação intrínseca entre língua, linguagem e sociedade. Para Helena Nagamine Brandão (1997), nessa relação, o discurso é com-preendido como o efeito de sentido construído no processo de interlocução (opõe-se a uma concepção de língua como mera transmissão de informação). O discurso não é fechado em si mesmo e nem é de domínio exclusivo do locutor, aquilo que se diz significa em relação ao que não se diz, ao lugar social do qual se diz, para quem se diz, em relação a outros discursos.
O lugar ocupado pela linguagem no cenário pós-moderno é, dessa forma, essencial na descentralização dos sujeitos. Não mais "o homem", "a mulher" e "a classe", mas "os homens", "as mulheres", "os indivíduos", "os grupos". Paralelo à falência de velhos modelos normatizadores e essencialistas do humano se dá a constituição de uma história mais democrática, includente, revisionista, mesmo, dos moldes classificadores e domadores do século XIX, instituídos por sujeitos históricos universais europeus, burgueses, colonialistas, brancos, machos e cristãos, que mais não fizeram do que reificar suas próprias experiências. Para o pensamento pós-moderno, grosso modo, a sociedade contemporânea é representativa do esgotamento da modernidade, da desconfiança das verdades absolutas e das grandes generalizações dos discursos totalizantes, tendo feito emergir, às expensas do fim de valores, concepções e modelos tradicionais, outros, e, a partir deles, a constituição de uma nova história, que irá negar a simples relação entre passado e presente, o continuísmo histórico, as origens determinadas e as significações ideais.
Ao postularem a desnaturalização de sujeitos e identidades ontológicos essas novas bases têm contribuído para uma melhor compreensão da pluralidade das experiências, principalmente ao reconhecerem a elaboração de sujeitos e identidades como produtos de forças culturais conflitantes, que operam em meio a jogos de relações de poder marcados pelo conflito. Daí as identidades serem percebidas pela epistemologia pós-moderna como plurais, móveis, diversas, versáteis, descentradas, desunificadas, contrárias, como observou Stuart Hall (2002) à existência de um núcleo interior que emergia pela primeira vez com o nascimento do indivíduo e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo - contínuo ou "idêntico" a ele - ao longo da existência do indivíduo.
Na trilha desses pressupostos teóricos, "novos" grupos passam a ser incluídos no discurso histórico; novas problemáticas são colocadas por e em relação a esses grupos, em conjunto com práticas que lhes conferem maior visibilidade e fazem coro a mudanças que se operam no meio historiográfico desde pelo menos os anos 70 do século passado. Para Keith Jenkins (2001), não sendo ligado essencialmente à direita, à esquerda ou ao centro, o pós-modernismo não assume uma característica uniforme. E nem é uma prerrogativa da história. O legado de suas mudanças para o meio intelectual é inegável, visto colocarem para debate, ao menos, os dois focos aqui tratados. Na esteira de muitos valores propugnados pelos pós-modernos segue uma ampla reavaliação de discursos, sejam eles da filosofia, da lingüística, política, arte, literatura ou história, conferindo às ciências humanas uma nova configuração epistemológica; configuração essa na qual a História não tem deixado de se inserir.
Pedro Paulo A. Funari & Glaydson José da Silva. Teoria da História. São Paulo, Brasiliense, 2008
_Muito se tem escrito nas últimas décadas sobre o pós-modernismo. Mesmo conceitualmente, tanto os termos "moderno" e "pós-moderno", e seus desdobramentos, assim como as implicações de seus usos foram objetos das mais diversas análises (Anderson, 1999; Harvey, 1992; Jameson, 1997), não conduzindo essas ao estabelecimen¬to de formulações definitivas a respeito do que venham a ser. David Harley observa que quanto ao sentido do termo, talvez só haja concordância em afirmar que o "pós-modernismo" representa alguma espécie de reação ao "modernismo" ou de afastamento dele. A imensa gama de definições e interpretações a esse respeito leva-nos a tratar do tema aqui de maneira breve e introdutória - pelo que nossa proposição orbita somente algumas reflexões em torno do surgimento de uma dada "condição pós-moderna" em meio ao am¬biente historiográfico.
Para Perry Anderson (1999), a idéia de "pós-modernismo" surge pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes do seu aparecimento na Inglaterra ou nos Estados Unidos (...), com a pretensão de descrever um refluxo conservador dentro do próprio modernismo, tendo co¬nhecido diferentes conotações nas décadas consecutivas no campo da literatura, das artes e das ciências (vide autores anteriormente citados). É a partir da Filosofia, com a pu¬blicação do livro A condição pós-moderna, de Jean-François Lyotard (1924-1998), em Paris em 1979, que a expressão "pós-moderno" ganha força no âmbito das Ciências Hu¬manas. Para Lyotard (1989) "pós-moderna" é a condição do saber nas sociedades mais desenvolvidas, designando a expressão o estado da cultura após as transformações que afetaram as regras dos jogos da ciência, da literatura e das artes a partir do fim do século XIX. Baseado em A. Touraine defende a hipótese de que o saber muda de estatuto ao mesmo tempo em que as sociedades entram na era dita pós-industrial e as culturas na era dita pós-moderna. Essas mudanças trazem em seu bojo novos paradigmas de compreensão dos homens, das culturas e do mundo, e se configuram de maneira similar nos diversos espaços do conhecimento. A natureza do saber não sai intacta nessa transformação geral. Nessa lógica, dois aspectos podem ser entendidos como definidores da chamada "condição pós-moderna" (ambos críticos da racionalidade iluminista):
1) A "incredulidade em relação às metanarrativas".
2) A "morte dos centros".
Ao primeiro aspecto se liga o descrédito dos grandes discursos e metanarrativas explicadores das experiências humanas e do mundo; ao segundo, a desconfiança em face de todos essencialismos definidores e dos sujeitos universais que os acompanham.
A compreensão desses dois pressupostos, comumente postulados pelas várias vertentes pós-modernas, liga-se ao estabelecimento de alguns preceitos entendidos como "modernos", cuja crise é percebida, epistemologicamente, a partir do fracasso de um dito projeto social iluminista. Caracterizado pela crença no racionalismo e otimismo em relação à ciência e à técnica, advinda do Renascimento do XVI e do Racionalismo do XVII, o ideário iluminista fundará a base das diferentes ciências nos séculos seguintes. Em meio a processos de secularização de algumas sociedades européias, em especial a francesa, a razão iluminista irá eleger como alvos de uma crítica contundente o Estado Absolutista e o Cristianismo. Da religião à razão, da transcendência à imanência, essa passagem é associada às idéias de civilização e progresso, que instaurarão binômios como natural e não natural, ciência e espírito, conteúdo e forma, normal e patológico que se cristalizarão nas sociedades ocidentais e embasarão o solo epistemológico das mais diversas disciplinas. A concepção desenvolvimentista e evolucionista forjada em meio a esse ideário irá nortear as nascentes filosofias da história do século XVII, concebidas a partir de idéias que preconizavam o devir da matéria, a evolução das espécies e o progresso incessante dos seres humanos.
Imbuídas de um marcado pensamento teleológico, essas filosofias irão apregoar a orientação da evolução humana para um fim, com vistas para o desenvolvimento de estados sucessórios e ascendentes e a concretização de etapas definitivas e apoteóticas ao findar desse mesmo desenvolvimento. Preocupados em demonstrar a evolução da humanidade por meio de grandes metanarrativas explicadoras das experiências humanas, pensadores como Comte e Marx irão teorizar, em uma perspectiva crivada pela linearidade, etapas sociais do desenvolvimento humano - seja pelos estados teóricos e a física social de um ou pelos modos de produção do outro. Esses grandes modelos explicativos, ao lado de muitas outras interpretações de fundo holístico da sociedade, passam a ser vistos com suspeição no âmbito das teorias sociais; essa desconfiança fundamenta o que se designou de crise dos paradigmas modernos.
O século XX, com todos os seus avanços científicos, explicitará o fracasso do "ideário iluminista", mostrando a utilização nefasta da ciência que, a título de salvamento da humanidade, muitas vezes pôs e ainda põe em risco essa mesma humanidade. O ideal salvador trouxe, em seu rastro, as grandes guerras mundiais, a ameaça atômica, as autocracias, os colonialismos, os imperialismos, os conflitos étnicos, religiosos, econômicos e sexuais das sociedades não resolvidos, problemas ecológicos potencializados, desemprego, violência, acirramento de desigualdades, miséria, entre outros. As benesses do progresso, quando democratizadas, salvaram a muitos, quando não, o que comumente aconteceu, à eleitos, consolidando uma crudelíssima política elitista, excludente, reforçadora dos cortes sociais. Representando a não concretização de um projeto moderno, iluminista, que retiraria a humanidade da barbárie e a inseriria em sociedades civis perfeitas, completas, o mundo contemporâneo é o loeus das incertezas e indefinições, reflexo da não linearidade anteriormente prevista e da pressão cumulativa de eventos históricos.
Ao lado dessa descrença nos grandes discursos que fundamentaram e legitimaram uma "história universal" figura a falência de categorias ligadas a modelos modernos de sociedade, calcados em acepções essenciais ontológicas como família, homem, mulher, classe, entre outros. Modelos oriundos das necessidades de classificação e naturalização que marcaram as bases do conhecimento científico do século XIX europeu.
Corroendo as bases em que se configurou a modernidade, as ciências, hoje, põem em questão o estatu¬to de verdade da epistemologia iluminista, assim como, também, seus modelos racionalizadores. As vertentes pós-modernas são, em grande medida, responsáveis pela irrupção das desessencializações no cenário científico atual, com um interesse manifesto no caráter de pluralidade dos modos de pensar e agir no mundo, das formas de pensamento e de vida, o que marca um rompimento com o tradicional saber positivo. Na esteira de filósofos como Friedrich Nietzsche (1844-1900), Michel Foucault (1926-1984), Jacques Derrida (1930-2004), principal¬mente, o império da subjetividade assume lugares cada vez mais consolidados em meio às novas epistemologias. Num ambiente intelectual de crise e agonia de modelos empiristas e positivistas, vivencia-se uma crítica contundente à busca pelas origens, ao desejo de verdade histórica e todos essencialismos.
A concepção de verdade iluminista, como algo existente e por ser apreendido, e seus corolários, perde espaço para epistemologias menos pretensiosas que, de uma perspectiva sociocultural, percebe indivíduos e práticas como construções discursivas, conferindo à linguagem e seus meandros importante papel na elaboração dos "fatos" - tanto na esfera da "produção" (de um texto, por exemplo) quanto na da recepção/interpretação. Questões relevantes colocadas pela sociolingüística e pelas diferentes tendências da analítica do discurso (como quem fala? De onde fala? Para quem fala? E como é recebida essa fala etc.) têm auxiliado numa problematizarão maior da idéia de "verdade". Essa concepção discursiva do conhecimento (aqui exemplificada pela tradição textual, mas aplicável aos diferentes suportes documentais para além do texto) é substanciada pela compreensão de uma relação intrínseca entre língua, linguagem e sociedade. Para Helena Nagamine Brandão (1997), nessa relação, o discurso é com-preendido como o efeito de sentido construído no processo de interlocução (opõe-se a uma concepção de língua como mera transmissão de informação). O discurso não é fechado em si mesmo e nem é de domínio exclusivo do locutor, aquilo que se diz significa em relação ao que não se diz, ao lugar social do qual se diz, para quem se diz, em relação a outros discursos.
O lugar ocupado pela linguagem no cenário pós-moderno é, dessa forma, essencial na descentralização dos sujeitos. Não mais "o homem", "a mulher" e "a classe", mas "os homens", "as mulheres", "os indivíduos", "os grupos". Paralelo à falência de velhos modelos normatizadores e essencialistas do humano se dá a constituição de uma história mais democrática, includente, revisionista, mesmo, dos moldes classificadores e domadores do século XIX, instituídos por sujeitos históricos universais europeus, burgueses, colonialistas, brancos, machos e cristãos, que mais não fizeram do que reificar suas próprias experiências. Para o pensamento pós-moderno, grosso modo, a sociedade contemporânea é representativa do esgotamento da modernidade, da desconfiança das verdades absolutas e das grandes generalizações dos discursos totalizantes, tendo feito emergir, às expensas do fim de valores, concepções e modelos tradicionais, outros, e, a partir deles, a constituição de uma nova história, que irá negar a simples relação entre passado e presente, o continuísmo histórico, as origens determinadas e as significações ideais.
Ao postularem a desnaturalização de sujeitos e identidades ontológicos essas novas bases têm contribuído para uma melhor compreensão da pluralidade das experiências, principalmente ao reconhecerem a elaboração de sujeitos e identidades como produtos de forças culturais conflitantes, que operam em meio a jogos de relações de poder marcados pelo conflito. Daí as identidades serem percebidas pela epistemologia pós-moderna como plurais, móveis, diversas, versáteis, descentradas, desunificadas, contrárias, como observou Stuart Hall (2002) à existência de um núcleo interior que emergia pela primeira vez com o nascimento do indivíduo e com ele se desenvolvia, ainda que permanecendo essencialmente o mesmo - contínuo ou "idêntico" a ele - ao longo da existência do indivíduo.
Na trilha desses pressupostos teóricos, "novos" grupos passam a ser incluídos no discurso histórico; novas problemáticas são colocadas por e em relação a esses grupos, em conjunto com práticas que lhes conferem maior visibilidade e fazem coro a mudanças que se operam no meio historiográfico desde pelo menos os anos 70 do século passado. Para Keith Jenkins (2001), não sendo ligado essencialmente à direita, à esquerda ou ao centro, o pós-modernismo não assume uma característica uniforme. E nem é uma prerrogativa da história. O legado de suas mudanças para o meio intelectual é inegável, visto colocarem para debate, ao menos, os dois focos aqui tratados. Na esteira de muitos valores propugnados pelos pós-modernos segue uma ampla reavaliação de discursos, sejam eles da filosofia, da lingüística, política, arte, literatura ou história, conferindo às ciências humanas uma nova configuração epistemológica; configuração essa na qual a História não tem deixado de se inserir.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
O resmungão por excelência
aruasetima.wordpress.com
Subversiva
A poesia
quando chega
não respeita nada.
Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
de qualquer de seus abismos
desconhece o Estado e a Sociedade Civil
infringe o Código de Águas
relincha
como puta
nova
em frente ao Palácio da Alvorada.
E só depois
reconsidera: beija
nos olhos os que ganham mal
embala no colo
os que têm sede de felicidade
e de justiça
E promete incendiar o país
Ferreira Gullar
In: http://literal.terra.com.br/ferreira_gullar/porelemesmo/subversiva.shtml?porelemesmo
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Compensações [poema/dilema]
A prova do ENEM vazou
mas, o Rio vai sediar as Olimpíadas em 2016...
***
Na Baixada Fluminense uma bala perdida atingiu uma mulher grávida
mas, o bebê se salvou...
***
Há algo de podre no reino do “lula molusco”
mas, a “fome é zero”...
***
Já passa de três mil o número de mortos do terremoto na Indonésia
mas, a Ivete deu a luz...
***
Perdi um dente da frente
mas, eu já havia desaprendido a rir...
***
Izabel Lisboa
[outubro/2009]
sábado, 11 de setembro de 2010
é tão tarde...
Manuela Pinheiro O,Nú-a-janela
tenho saudades
[e]
não tenho saudades...
do sorriso
tenho saudades
da ira no olhar
não tenho saudades
do sabor e cheiro de eros
tenho saudades
do punho esmurrando a mesa
do grito
não tenho saudades
do beijo roubado na escada
tenho saudades
das mentiras e surdinas
não tenho saudades
da impetuosidade amorosa
tenho saudades
da impetuosidade vingativa
não tenho saudades
desse
tenho saudades
daquele
não tenho saudades...
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
esquerda volver
mirando à esquerda
quebrando a direita
com sangue alvejando a bandeira
no topo do coração
***
eis os bravos
os luzeiros
nascidos em tempo de guerra
revolução [ou mesmo eleição]
***
olho de águia
língua amolada
boca afiada
palavra navalha
***
- independência caríssimos?!
nasce desses gritos presos de dor
que espalham-se como ventania
onde impera ditadura e tirania
***
Izabel Lisboa
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Combate ao Racismo no Brasil e no Mundo
Blogagem coletiva,contra toda espécie de preconceito , destacadamente Contra o Racismo
Data da Blogagem Coletiva:
de 25/09/2010 a 30 /10/2010
Junte-se a nós postando em seu Blog:
-artigos, relatos, denúncias, poesias,contra o Racismo.
In: http://literaciarevistacultural.blogspot.com/
PARTICIPE E DIVULGUE!!!
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
1808, e o resto de nossas vidas
Corre um curumim pelado a gritar: - la vem a Corte...la vem, la vem...
de mala, cangalha e cuia
o rei a coroa e os lordes em desvalida penúria
perucas e montanhas de alfaias
piolhos e maracutaias
cacarecos a encher bornal
deixando às favas Bonaparte e Portugal
Encurtando bem o assunto:
1821,
13 anos após a debandada lusitana,
sob protestos dos que la ficaram,
la se vai de volta o aflito Dom,
retorna o atrapalhado João
ao seu abandonado torrão
O outro,
o Dom bendito,
aquele que por aqui ficou?
berrou:
- Yes, nós temos banana!
- Yes, diga ao Zé (povinho) que eu fico,
que grito e até apito, se no caso isso for preciso...
Sábia sabedoria popular que não falha
quando diz através do dito:
...em terra de (povo) cego
quem tem um olho...(?)grita
...e la se vai o Brasil
às favas...de mala, cangalha e marmita
...mas esse povo grita...alguém ainda duvida?!
***
Izabel Lisboa
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Por que não?
telenovela é literatura
abobrinha é verdura escrava isaura
é literatura cocada preta é doçura
paulo coelho é literatura leite moça
é gostosura cordel é literatura televisão
é cultura abl é literatura inspiração é
frescura agatha christie é literatura
pimenta malagueta é quentura mpb
é literatura capa dura é leitura gilberto
braga é literatura 0800 é gastura
blablablá é literatura
(A. Zarfeg)
In: http://versoeprosa.ning.com/profiles/blogs/por-que-nao
- --------------------------------------------------------------
Não porque não, oras bolas...e que a metaliteratura continue metendo-se consigo mesma que o negócio nesse mundo cão/literato é cada um no seu quadrado [ou seria no seu redondo?! rs].
Maninho deliciosamente irônico, na mesma linha de provocação vai aí uma perguntinha: qual a diferença [ou a semelhança] entre: Sade, Bocage, Cervantes, de Beauvoir, Nelson Rodrigues... e... Tiririca, Derci Gonçalves, mulher pêra, Pânico na TV, QCQ...?! Dizer que os primeiros são literatos na plenitude dos tempos e os outros são caricatos do FIM DOS TEMPOS não vale, em?!
O filósofo/embusteiro, anti-higiênico, ex-epilético/artista Lobão tenta responder essa questãozinha engendrando uma metafísica enviesada nesse metiê. Vale conferir:
A volta dos deuses embusteiros:
http://www.megavideo.com/?d=N69KCPA5
Beijos, e, não aguarde o próximo capítulo...
_________________________________________________________
Izabel Lisboa
abobrinha é verdura escrava isaura
é literatura cocada preta é doçura
paulo coelho é literatura leite moça
é gostosura cordel é literatura televisão
é cultura abl é literatura inspiração é
frescura agatha christie é literatura
pimenta malagueta é quentura mpb
é literatura capa dura é leitura gilberto
braga é literatura 0800 é gastura
blablablá é literatura
(A. Zarfeg)
In: http://versoeprosa.ning.com/profiles/blogs/por-que-nao
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Não porque não, oras bolas...e que a metaliteratura continue metendo-se consigo mesma que o negócio nesse mundo cão/literato é cada um no seu quadrado [ou seria no seu redondo?! rs].
Maninho deliciosamente irônico, na mesma linha de provocação vai aí uma perguntinha: qual a diferença [ou a semelhança] entre: Sade, Bocage, Cervantes, de Beauvoir, Nelson Rodrigues... e... Tiririca, Derci Gonçalves, mulher pêra, Pânico na TV, QCQ...?! Dizer que os primeiros são literatos na plenitude dos tempos e os outros são caricatos do FIM DOS TEMPOS não vale, em?!
O filósofo/embusteiro, anti-higiênico, ex-epilético/artista Lobão tenta responder essa questãozinha engendrando uma metafísica enviesada nesse metiê. Vale conferir:
A volta dos deuses embusteiros:
http://www.megavideo.com/?d=N69KCPA5
Beijos, e, não aguarde o próximo capítulo...
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Izabel Lisboa
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
testamento
deixo
provas de amor
um peito aberto
pontas de esperança
fantasias de criança
desejos de plenitude
saudades do meu doce rio
lealdades
desafios
um jeito assim
meio de bem com a vida
um punhado de calma
e de paz
e de inquietação
de toda uma geração
e minha presença
minha passagem
meus passos
e travessias
minha poesia nascente
às vezes poente
mas sempre latente
enfim
minhas lidas
e meu amor pela vida
só
***
Bel Lisboa
provas de amor
um peito aberto
pontas de esperança
fantasias de criança
desejos de plenitude
saudades do meu doce rio
lealdades
desafios
um jeito assim
meio de bem com a vida
um punhado de calma
e de paz
e de inquietação
de toda uma geração
e minha presença
minha passagem
meus passos
e travessias
minha poesia nascente
às vezes poente
mas sempre latente
enfim
minhas lidas
e meu amor pela vida
só
***
Bel Lisboa
terça-feira, 31 de agosto de 2010
leveza
pura delicadeza
amar-se é bom
sentir-se feliz
amar os espelhos
feliz ao refletir-se neles
ser assim
do jeito que se quer
amar-se assim
do jeito que se é
permitir-se
dizer sim
sem ponderações
sem esconderijos
nem rupturas
respirar fundo
sempre
de corpo e alma
o doce frescor de viver
agitar-se
cantar-se
encantar-se
amar-se é bom...
***
Izabel Lisboa
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
fala
não te cales
por favor não te cales
é desse amor que tu falas que eu conheço
sem metáforas exuberantes
sem aristocracias ou erudições
tu falas uma linguagem nossa
é sobre nós que tu falas
essa é a nossa língua
inventamos juntos nossos conceitos
apenas te peço para não sufocarmos nosso recíproco desejo
é a densidade de Eros em ti e em mim que eu almejo
que transpareçam escancarados em nossa fala
o amor o lirismo e o desejo
eunucos e vassalos da linguagem em nada nos trarão proveito
sob o fogo de tua ardente fala eu me aqueço
meu corpo inflama-se
eu também não emudeço
meu corpo entende tua linguagem
em ti me reconheço
e se partilhas comigo o veneno que fabricas em tua língua
inebriados ambos morreremos satisfeitos
de amor... de lirismo... e de desejo
***
Bel Lisboa
por favor não te cales
é desse amor que tu falas que eu conheço
sem metáforas exuberantes
sem aristocracias ou erudições
tu falas uma linguagem nossa
é sobre nós que tu falas
essa é a nossa língua
inventamos juntos nossos conceitos
apenas te peço para não sufocarmos nosso recíproco desejo
é a densidade de Eros em ti e em mim que eu almejo
que transpareçam escancarados em nossa fala
o amor o lirismo e o desejo
eunucos e vassalos da linguagem em nada nos trarão proveito
sob o fogo de tua ardente fala eu me aqueço
meu corpo inflama-se
eu também não emudeço
meu corpo entende tua linguagem
em ti me reconheço
e se partilhas comigo o veneno que fabricas em tua língua
inebriados ambos morreremos satisfeitos
de amor... de lirismo... e de desejo
***
Bel Lisboa
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Janela aberta para o mundo...
Tem dias que a gente amanhece meio assim, mais pra lá do que pra cá. Parece que a cama é um ímã poderoso. Se deixar a gente vai ficando... Esse negócio de férias nos acostuma muito mal, pra pegar no tranco de novo não é moleza, justamente por causa da moleza! Mas o que ameniza a minha culpa é o fato de ficar lendo até tarde... Aí, pela manhã, dá uma preguicinha!!!
Mas as frestas de sol entrando através da persiana vêm reclamar atenção, instigam nossa mente e nosso corpo a reagir. Afinal o astro rei é poderoso mesmo, impossível permanecer alheia àqueles delicados, mas incisivos raios de luz! Sem contar a cantoria que os bem-te-vis aprontam em minha janela... Esplendido!
E num salto me ponho de pé. Kafka que me perdoe, mas recuso deixar-me metamorfosear. Se eu ficar deitada até tarde, aí sim, vou me sentir uma barata medonha!
Como sempre faço vou até a cozinha pegar um copo de água para tomar meu Euthirox 75, rotina farmacológica que, segundo o médico endocrinologista, me acompanhará por toda minha doce vida. O que seria de nós sem os avanços da medicina! Minha tireóide agradece.
Ainda com o copo na mão vou até a sala e ligo a TV, essa janela aberta para o mundo!
Dizem algumas almas, muito voltadas à praticidade, que olhar para o céu é um desperdício e que olhar para o lado será bem mais proveitos... Eu hoje cheguei à conclusão que assistir televisão, dependendo daquilo que você assiste na televisão, é da ordem de buscar a liberdade e se aprisionar mais ainda, é buscar na superficialidade suprir necessidades profundas... Bate uma frustração!
Há tempos atrás eu era mais paciente em me colocar diante da TV. Agora, talvez pela idade, acho que estou mesmo ficando velha (ta bom, mais madura!) e isso é ótimo, perdi a paciência, e descobri que perder a paciência às vezes é ótimo, agora faço isso sem culpa, igual criança. Tenho a impressão, que se eu me puser a assistir certas programações de TV, minha vida estará indo pelo ralo e que a televisão é uma máquina de moer vidas. Talvez o termo melhor seja sugar vidas.
Sei que temos o abençoado controle remoto e com ele podemos escolher o canal e a programação que pretendemos deixar entrar em nossa privacidade doméstica. O problema é que às vezes, dependendo do horário, não temos opção. E tome programas que misturam de tudo, culinária, fofoca sobre a vida de artistas, telejornalismo sensacionalista, tele-shopping onde vendem de tudo, até a mãe em 10 parcelas sem juros, e sem necessidade de consultar o seu cadastro.
E os desenhos animados então! Já notaram como estão medonhos! Monstros e mais monstros! Horrorosos! Fico imaginando que se a historinha do Chapeuzinho Vermelho é tida por alguns como nociva ao desenvolvimento saudável das crianças, o que dizer então desses desenhos produzidos hoje?!
Estou mesmo sem paciência... Graças a Deus!
Mas não quero radicalizar minha negatividade sobre a programação da TV. Existe uma programação em canais como a TV Educativa, TV Cultura, Canal Futura, TV Senado, TV Câmara, TV Assembléia e algumas outras, que têm colocado no ar uma gama de reportagens, entrevistas e documentários que além de boa informação têm resgatado a memória política, cultural, cinematográfica, literária, social, do País. Além de não seguirem a linha sensacionalista, característica dos canais ditos “comerciais”.
Acompanhei recentemente uma reportagem, na TV Câmara, com a ex-guerrilheira brasileira Vera Silvia Magalhães, militante revolucionária no período do regime militar. Ela sofre até hoje com as várias sequelas deixadas pela tortura a que foi submetida no decorrer de meses consecutivos após sua prisão durante o regime.
Fiquei aterrorizada e ao mesmo tempo encantada. Aterrorizada com o testemunho vivo de uma vítima da tortura e do exílio político, e encantada por ter a oportunidade de assistir através da TV entrevista extremamente importante para resgatar a história política de nosso País.
Na mesma linha de programação assisti em outra oportunidade um documentário sobre o “suicídio/assassinato”, em outubro/1975 no DOI/CODI/SP, do jornalista, professor e teatrólogo, Wladimir Herzog, acusado de possíveis ligações com o PCB.
Portanto, tenho tido a oportunidade de assistir matérias de qualidade, e não vou agora somente jogar pedras na programação televisiva com a qual podemos contar.
Porém, não percamos de vista que os canais comerciais são um grande filão econômico explorado por poderosas organizações. Mantêm uma hegemonia que, em se tratando de mídia televisiva, são grandes responsáveis pela formação da opinião pública. Se esse tipo de mídia dita que, o que está em voga no momento é um determinado caso policial, esse caso policial é o que será notícia por um bom tempo; até o momento em que essa mesma mídia resolva mudar o prato do dia em matéria de notícia. E o termômetro para mudar o tal prato do dia é a AUDIÊNCIA. Enfim, é o antigo, mas eficiente, TUDO POR DINHEIRO! Sem contar os interesses políticos que com certeza, por trás das câmaras, ditam as regras do jogo!
Assistindo a programação dos canais comerciais de TV, tem-se a constatação de como a mídia televisiva foi, e ainda é, instrumento de manipulação, alienação e dominação da grande massa da população. Sua programação tendenciosa em busca de melhores índices de audiência denuncia isso abertamente...
Enfim, desliguei a TV na cara da Ana Maria Braga e seu pudim de claras. Fechei bem as persianas e, ao som dos bem-te-vis, dormi mais um pouquinho, afinal estou de férias, o quê é que tem acordar uma baratinha uma vez na vida...?!
Quem quer casar com a senhora baratinha, que tem fita no cabelo... zzzzzzzz....
Izabel Lisboa
Tem dias que a gente amanhece meio assim, mais pra lá do que pra cá. Parece que a cama é um ímã poderoso. Se deixar a gente vai ficando... Esse negócio de férias nos acostuma muito mal, pra pegar no tranco de novo não é moleza, justamente por causa da moleza! Mas o que ameniza a minha culpa é o fato de ficar lendo até tarde... Aí, pela manhã, dá uma preguicinha!!!
Mas as frestas de sol entrando através da persiana vêm reclamar atenção, instigam nossa mente e nosso corpo a reagir. Afinal o astro rei é poderoso mesmo, impossível permanecer alheia àqueles delicados, mas incisivos raios de luz! Sem contar a cantoria que os bem-te-vis aprontam em minha janela... Esplendido!
E num salto me ponho de pé. Kafka que me perdoe, mas recuso deixar-me metamorfosear. Se eu ficar deitada até tarde, aí sim, vou me sentir uma barata medonha!
Como sempre faço vou até a cozinha pegar um copo de água para tomar meu Euthirox 75, rotina farmacológica que, segundo o médico endocrinologista, me acompanhará por toda minha doce vida. O que seria de nós sem os avanços da medicina! Minha tireóide agradece.
Ainda com o copo na mão vou até a sala e ligo a TV, essa janela aberta para o mundo!
Dizem algumas almas, muito voltadas à praticidade, que olhar para o céu é um desperdício e que olhar para o lado será bem mais proveitos... Eu hoje cheguei à conclusão que assistir televisão, dependendo daquilo que você assiste na televisão, é da ordem de buscar a liberdade e se aprisionar mais ainda, é buscar na superficialidade suprir necessidades profundas... Bate uma frustração!
Há tempos atrás eu era mais paciente em me colocar diante da TV. Agora, talvez pela idade, acho que estou mesmo ficando velha (ta bom, mais madura!) e isso é ótimo, perdi a paciência, e descobri que perder a paciência às vezes é ótimo, agora faço isso sem culpa, igual criança. Tenho a impressão, que se eu me puser a assistir certas programações de TV, minha vida estará indo pelo ralo e que a televisão é uma máquina de moer vidas. Talvez o termo melhor seja sugar vidas.
Sei que temos o abençoado controle remoto e com ele podemos escolher o canal e a programação que pretendemos deixar entrar em nossa privacidade doméstica. O problema é que às vezes, dependendo do horário, não temos opção. E tome programas que misturam de tudo, culinária, fofoca sobre a vida de artistas, telejornalismo sensacionalista, tele-shopping onde vendem de tudo, até a mãe em 10 parcelas sem juros, e sem necessidade de consultar o seu cadastro.
E os desenhos animados então! Já notaram como estão medonhos! Monstros e mais monstros! Horrorosos! Fico imaginando que se a historinha do Chapeuzinho Vermelho é tida por alguns como nociva ao desenvolvimento saudável das crianças, o que dizer então desses desenhos produzidos hoje?!
Estou mesmo sem paciência... Graças a Deus!
Mas não quero radicalizar minha negatividade sobre a programação da TV. Existe uma programação em canais como a TV Educativa, TV Cultura, Canal Futura, TV Senado, TV Câmara, TV Assembléia e algumas outras, que têm colocado no ar uma gama de reportagens, entrevistas e documentários que além de boa informação têm resgatado a memória política, cultural, cinematográfica, literária, social, do País. Além de não seguirem a linha sensacionalista, característica dos canais ditos “comerciais”.
Acompanhei recentemente uma reportagem, na TV Câmara, com a ex-guerrilheira brasileira Vera Silvia Magalhães, militante revolucionária no período do regime militar. Ela sofre até hoje com as várias sequelas deixadas pela tortura a que foi submetida no decorrer de meses consecutivos após sua prisão durante o regime.
Fiquei aterrorizada e ao mesmo tempo encantada. Aterrorizada com o testemunho vivo de uma vítima da tortura e do exílio político, e encantada por ter a oportunidade de assistir através da TV entrevista extremamente importante para resgatar a história política de nosso País.
Na mesma linha de programação assisti em outra oportunidade um documentário sobre o “suicídio/assassinato”, em outubro/1975 no DOI/CODI/SP, do jornalista, professor e teatrólogo, Wladimir Herzog, acusado de possíveis ligações com o PCB.
Portanto, tenho tido a oportunidade de assistir matérias de qualidade, e não vou agora somente jogar pedras na programação televisiva com a qual podemos contar.
Porém, não percamos de vista que os canais comerciais são um grande filão econômico explorado por poderosas organizações. Mantêm uma hegemonia que, em se tratando de mídia televisiva, são grandes responsáveis pela formação da opinião pública. Se esse tipo de mídia dita que, o que está em voga no momento é um determinado caso policial, esse caso policial é o que será notícia por um bom tempo; até o momento em que essa mesma mídia resolva mudar o prato do dia em matéria de notícia. E o termômetro para mudar o tal prato do dia é a AUDIÊNCIA. Enfim, é o antigo, mas eficiente, TUDO POR DINHEIRO! Sem contar os interesses políticos que com certeza, por trás das câmaras, ditam as regras do jogo!
Assistindo a programação dos canais comerciais de TV, tem-se a constatação de como a mídia televisiva foi, e ainda é, instrumento de manipulação, alienação e dominação da grande massa da população. Sua programação tendenciosa em busca de melhores índices de audiência denuncia isso abertamente...
Enfim, desliguei a TV na cara da Ana Maria Braga e seu pudim de claras. Fechei bem as persianas e, ao som dos bem-te-vis, dormi mais um pouquinho, afinal estou de férias, o quê é que tem acordar uma baratinha uma vez na vida...?!
Quem quer casar com a senhora baratinha, que tem fita no cabelo... zzzzzzzz....
Izabel Lisboa
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